terça-feira, 25 de outubro de 2011

A verdade sobre a coleta de ovos de tartaruga a margem do Rio Solimões



Começou novamente a circular na internet uma matéria sobre a destruição aos ovos de Tartarugas Marinhas na margem esquerda do Rio Solimões, com fotos de várias pessoas catando os ovos e os levando embora ao mesmo tempo em que as tartarugas estão desovando. Não vou falar aqui da politicagem atrás dessa matéria.

Incrível como algumas pessoas não param um instante para pensar se realmente é isso que anda acontecendo em tal lugar antes de passar tal fato adiante. Que tal se parássemos por um instante e colocássemos  a cabeça para funcionar observando atentamente as fotos?

Você não precisa ir ao Rio Solimões para saber que um rio não tem ondas como aparecem nas fotos. Então a primeira conclusão seria de que isso está acontecendo a beira do mar e não a beira de um rio, ou especificamente a beira do Rio Solimões. E mais, as tartarugas que aparecem focadas são tartarugas marinhas (da espécie oliva ), não tartarugas de água doce.

Outro ponto a ser observado é que um evento de tal magnitude ocorrendo a luz do dia chamaria a atenção de qualquer um que tem um mínimo de consciência ambientalista, chamando as autoridades competente para conter tal abuso.

Quando recebi tal e-mail fiquei indignada mesmo observando tais fatos nas fotos, pois independentemente do local que estaria acontecendo tal fato o ato estava sendo praticado em algum lugar e deveria a todo custo ser contido.

No meu desespero em alertar alguém que pudesse conter tal absurdo, cheguei a enviar vários e-mails a várias ONGs de proteção a Tartarugas Marinhas e recebi resposta somente da www.tortugasmarinas.org  que a seguir transcrevo:



Cara Valéria,


Anteriormente recebi o mesmo mail com as mesmas fotografias exactamente, mas indicando que se passava na Costa Rica. Que é o caso, isto passa-se sim na Costa Rica.
E a costa rica é um dos países que mais tradição tem na protecção das tartarugas marinhas e com leis mais completas, e com o apoio das populações.
Esta espécie de tartarugas tem uma particularidade, as fémeas fazem a postura no que se designa por "arribada": centenas de tartarugas sobem em simultâneo para a mesma praia para desovar. E isto passa-se durante vários dias seguidos. O que acontece é que as tartarugas do 3º dia, para abrir a cova já estão a desenterrar os ovos das posturas anteriores dando origem à destruição dos ovos dessas posturas.


Assim por lei é permitido durante as primeiras 36h das posturas que a população retire os ovos das primeiras posturas, alguns para consumo e outros para incubadoras para aumentar a taxa de sucesso dos nascimentos, ovos esses que iriam ser destruídos de qualquer forma.



O facto de estar aqui referido rio Solimões é um logro... eu já lá estive e não há qualquer tartaruga marinha que suba mais de 1000 km do Rio Amazonas para ir desovar nas praias do rio Solimões. Alías se reparar nas fotografias o que se vê ao fundo são ondas de mar, mar esse que está a mais de 1000 km do rio Solimões. A Internet tem muitas vantagens mas também permite difundir informação falsa como esta.


Espero ter esclarecido de alguma forma.
Resta-me agradecer a sua preocupação e dizer que foram pessoas como você que se preocupam, que resolveram dar origem à criação desta associação. 


Com os melhores cumprimentos,
Fernando Miranda



Abaixo as fotos que recebi









Depois de terem nascido na praia Ostional, localizada a 350 km ao noroeste de San José, no Pacífico, várias centenas de milhares de tartarugas regressam ao seu local de origem para deixar milhões de ovos.

Entre os meses de setembro e novembro, assim que o sol se põe, milhares de tartarugas-fêmeas começam a sair do mar, avançam pela praia cerca de 50 metros, fazem um ninho e depositam uma média de cem ovos cada uma.

A tartaruga faz um buraco onde deposita os ovos e depois o tapa cuidadosamente com as patas, para evitar os predadores. A difícil tarefa leva cerca de uma hora e meia.

Assim que o penoso trabalho termina, a tartaruga volta para o mar.

Somente nesta praia da Costa Rica podem chegar nesta época até 100 mil tartarugas por dia, para realizar uma das maiores desovas do planeta, segundo os biólogos marinhos.


Isto significa a postura de 10 milhões de ovos num único dia!

Ostional é uma estreita faixa de areias escuras, com pouco mais de 2 km de extensão.


Não existe, obviamente, espaço físico suficiente na praia para comportar tamanho congestionamento de tartarugas, que se dirigem ao local quase todas ao mesmo tempo cumprindo o instinto de procriar.
O que acontece então é que os animais que chegam depois destroem os ovos anteriormente postos com o seu peso e escavações de novos ninhos.

Para que isso não ocorra,  durante as primeiras 35 horas após o início da desova, os habitantes locais passaram a receber autorização para promover a retirada maciça de ovos que, certamente, seriam destruídos pelas levas seguintes de tartarugas.

Eles são treinados para a tarefa sob o monitoramento de membros da Universidade, do Instituto da Pesca e do Ministério do Ambiente, que até hoje gerenciam o projeto.





quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Steve Jobs



O cofundador e ex-presidente do conselho de administração da Apple morreu nesta quarta-feira aos 56 anos, vítima de um câncer no pâncreas que vinha tratando desde 2003. Perfeccionista, criativo, inovador e ousado, ele ajudou a tornar os computadores mais amigáveis e revolucionou a animação, a música digital e o telefone celular. Jobs marcou o mundo da tecnologia ao apresentar produtos como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad. Afastado da empresa desde 17 de janeiro para cuidar da saúde e sem prazo para voltar, o executivo renunciou ao cargo em 24 de agosto. "Sempre disse que, se chegasse o dia que eu não pudesse mais cumprir minhas funções e expectativas como CEO da Apple, seria o primeiro a informar. Infelizmente, esse dia chegou", dizia a nota.

A Apple habilitou um e-mail para que qualquer pessoa possa enviar uma mensagem de condolência pela morte de Steve Jobs.

O endereço rememberingsteve@apple.com será uma via para centralizar as inúmeras mensagens de internautas, políticos e famosos que se multiplicam nas redes sociais desde a divulgação da notícia de sua morte.


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Dor Física x Dor Emocional




O maior medo do ser humano, depois do medo da morte, é o medo da dor. Dor física: um corte, uma picada, uma ardência, uma distenção, uma fratura, uma cárie. Dor que só cessa com analgésico, no caso de ser uma dor comum, ou com morfina, quando é uma dor insuportável. Mas é a dor emocional a mais temível, porque essa não tem medicamento que dê jeito.

Uma vez, conversando com uma amiga, ficamos nessa discussão por horas: o que é mais dolorido, ter o braço quebrado ou o coração? Uma pessoa que foi rejeitada pelo seu amor sofre menos ou mais do que quem levou 20 pontos no supercílio? Dores absolutamente diferentes. Eu acho que dói mais a dor emocional, aquela que sangra por dentro. Qualquer mãe preferiria ter úlcera para o resto da vida do que conviver com o vazio causado pela morte de um filho.

As estatísticas não mentem: é mais fácil ser atingida por uma depressão do que por uma bala perdida. Existe médico para baixo astral? Psicanalistas. E remédio? Anti-depressivos. Funcionam? Funcionam, mas não com a rapidez de uma injeção, não com a eficiência de uma cirurgia. Certas feridas não ficam à mostra. Acabar com a dor da baixa-estima é bem mais demorado do que acabar com uma dor localizada.

Parece absurdo que alguém possa sofrer num dia de céu azul, na beira do mar, numa festa, num bar. 

Parece exagero dizer que alguém que leve uma pancada na cabeça sofrerá menos do que alguém que foi demitido. Onde está o hematoma causado pelo desemprego, onde está a cicatriz da fome, onde está o gesso imobilizando a dor de um preconceito?

Custamos a respeitar as dores invisíveis, para as quais não existem prontos-socorros. Não adianta assoprar que não passa.

Tenho um respeito tremendo por quem sofre em silêncio, principalmente pelos que sofrem por amor.

Perder a companhia de quem se ama pode ser uma mutilação tão séria quanto a sofrida por Lars Grael, só que os outros não enxergam a parte que nos falta, e por isso tendem a menosprezar nosso martírio.

O próprio iatista terá sua dor emocional prolongada por algum tempo, diante da nova realidade que enfrenta. Nenhuma fisgada se compara à dor de um destino alterado para sempre.

Martha Medeiros


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