sexta-feira, 25 de maio de 2012

A Carne e o Sangue de Mary del Priore





Para quem gosta de ler, o livro revela detalhes inéditos do triângulo amoroso entre o imperador do Brasil, a imperatriz Leopoldina e a marquesa de Santos.

Um imperador inconsequente, uma imperatriz isolada e, entre os dois, uma mulher segura de si. Assim a historiadora Mary del Priore classifica os três personagens principais de seu novo livro, “A Carne e o Sangue” (Editora Rocco). A partir de cartas inéditas encontradas no Museu Imperial, na cidade de Petrópolis (RJ), a obra retrata sob um novo olhar o triângulo amoroso formado por D. Pedro I, a imperatriz Leopoldina e Domitila de Castro, a marquesa de Santos, e os impactos políticos causados pelo romance.

De acordo com a autora, entre as descobertas sobre essa história já conhecida estão detalhes íntimos da relação existente entre o imperador e Domitila, carinhosamente chamada por ele de Titília. Em correspondências trocadas por ambos, D. Pedro assinava como “Demonão” ou “Fogo Foguinho”, desenhava o próprio pênis, às vezes ejaculando, e enviava pelos pubianos, considerados na época como prova de fidelidade.

Os bilhetes encontrados também revelaram, segundo Mary del Priore, a força e o poder que a marquesa de Santos possuía na vida de D. Pedro. Em uma das correspondências, o imperador escreveu: “Quero que vá para São Paulo”. “Vou quando eu quiser”, ela respondeu. “Estou mandando-lhe um cavalo”, enviou o monarca. “Seu cavalo vai ficar pastando no meu jardim”, retrucava Domitila, descrita como bela, com pele acetinada e sem marcas de varíola, uma massa de cabelos escuros e brilhantes e uma boca pequena, mas “bem mobiliada” de dentes.

“Domitila não media palavras. Você vê a solidez de uma relação pautada pela intimidade, que não respeita hierarquia e nem regras de etiqueta”, avalia a autora. “Ela era fruto de um meio. São Paulo na virada do século 18 era uma cidade sem homens, que estavam nas minas ou lutando contra os espanhóis. Isso forjou uma população feminina muito autônoma e de uma disponibilidade sexual que na corte era escondida. A marquesa de Santos não era uma piriguete e, sim, uma mulher segura de si, do que queria e do seu corpo”.

Com o romance extraconjugal escrachado, o povo se opôs a D. Pedro e Domitila passou a ser tratada como inimiga número 1 de todos. Quando Leopoldina morreu, as pessoas pensaram que a marquesa de Santos a havia envenenado e foram até sua casa para apedrejá-la.

Devido ao romance com Domitila, D. Pedro enfrentou problemas em encontrar uma segunda esposa, após a morte da primeira. O pai de Leopoldina o chamou publicamente de canalha e tentou barrar todas as princesas austríacas ou alemãs de se casar com ele. Para amenizar a situação, a marquesa de Santos teve que ser afastada do Rio. “D. Pedro pediu para ela fingir que tinha ido e disse: isso é só para eu arranjar uma mulher. Depois você volta”, conta a historiadora.


Confira o primeiro capítulo do livro clicando no link abaixo. Boa leitura.

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